quarta-feira, 4 de março de 2009

A rosa de uma noite

Foi na terça-feira
Avizinhava-se uma noite igual a tantas outras. Noite fria, sem enleio, nem enredo.
Noite de vento e de chuva… Chuva miudinha, ora agora, ora daqui a pouco. Havia cá dentro também um frio. Aquele frio que não gosto de experimentar. É um frio que atormenta, que faz tremer por dentro, que descalça o pé e que faz patinhar na água. Patinhar na água é bom, mas sem frio. Aquele frio que desconsola o estômago, que faz com que não consigas comer, com fome, beber com sede.
Havia razão para o frio. Era Inverno, mas ser Inverno não basta para sensações tais.
Havia coisas por esclarecer, coisas para aclarar e uma grande vontade de ser feliz. Feliz nem que fosse por umas horas. Feliz nem que fosse por dizer o indizível, ouvir ou inouvível – não sei se existe esta palavra – mas o sentido existe.
Tenho sempre medo de ouvir a tua voz, medo e desejo em simultâneo. Sentimento estranho para uma pessoa que se considera segura e frontal e a quem a verdade, mesmo dolorosa é preferível à mentira.
Mas o medo não é racional! Assumo que ainda hoje tenho medo. Medo da voz. Medo de uma má prestação. Medo de perder. Perder. Sim perder o pouco que tenho, mas que me dá muita tranquilidade, paz, sossego sensação de preenchimento total e um sabor na boca e no peito a melancia de Verão.
Há coisas que não se perdem! Verdade. Transformam-se, crescem, solidificam, adoçam…
E há coisas que se perdem antes de nascerem, ou antes de florirem.
Já não perdi e sou feliz por isso… Mas já perdi! Umas lamento, outra nem tanto…E outras não mesmo.
Ontem plantei uma rosa.
Uma rosa branca de veludo.
Que acariciei a ponto de ela ir florir todos os dias para mim. Se calhar ninguém a vê! Mas eu sei que ela irá florescer para mim todos os dias…Mesmo quando o sol não brilhar. Vou alimentá-la com muita doçura e carinho e com ela vou ao fim do planeta. Ela é muito nossa.
Mas como plantar uma rosa se o terreno for rochoso?
Esta noite plantei uma rosa, branca, de veludo, mas não sei se o terreno é fértil e macio como ela já se habituou a ter. Espero que sim e que esse terreno lhe dê o alimento que ela merece, seja suave como o veludo e que a faça florir todos os dias para ti e para mim…
Por favor cuidemos bem desta lida rosa, rosa branca, rosa de veludo, rosa em terreno fértil, rosa com alimento, rosa em terreno suave, como o teu sono e como o teu olhar quando abandonado.
Vamos regá-la todos os dias?

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"Folha Caída"

3 comentários:

Jotas disse...

É muito bom termos por vezes o nosso mundo, a nossa emoção, enfim aquela rosa que plantaste e o que interessa é que tu a vês.
Lindo o texto e que reflecte muitos sentimentos.

Storge/Philia disse...

rutal... Gostei mesmo deste texto... És sem duvida alguma a minha rosa! A minha rosa que escreve, a minha rosa que sente, que ouve o inouvível, que axo mesmo ser inaudivel, mas gosto mais da tua palavra... :)

Mas reforço... És a minha rosa. Reforço para que nunca te esqueças disso! Para que isso seja sempre presente em ti como é para mim. Por que lá está, como Richard Bach escreveu um dia "O amor não é um braço de ferro, mas sim dois caminhos que seguem na mesma direcção." pois... Mas vê lá tu... Eu juro que gosto de ti muito mais! :D

Storge/Philia disse...

hehe... a primeira palavra era "brutal"