Maningando: O breve regresso
Este "pensamento" foi-me remetido e autorizada a sua inclusão, pelo meu amigo Carlos D.
Obrigada por partilhares comigo. Nota: Não consegui por a foto que acompanhava o texo, por isso puz uma minha. Peço desculpa.
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Depois de quase vinte anos de diáspora,
o grande pássaro africano transportou-me suavemente durante dez horas,
à terra que me viu nascer.
O primeiro dia, as primeiras horas,
revolveram-me a alma e as entranhas.
Adoeci por não te reconhecer.
Vi-te cidade decrépita, envelhecida - precocemente.
Estranhamente estranha,
Como que se nunca ali tivesse estado, como se nunca nos tivéssemos pertencido.
Quase desconhecidos.
Depois tu, cidade e os teus, foste-me envolvendo e abraçando,
como que recebendo um filho,
há muito tempo não visto - perdido talvez.
Minuto a minuto,
o teu rosto ganhou silhuetas conhecidas.
Voltaste a ser tu,
Voltei a ser eu.
O tempo foi muito curto, mas bastou.
Voltámos a pertencer-nos.
Triste voltei à diáspora,
na certeza de viver num lugar a que não pertenço.
Neste lugar de exílio, alegra-me saber que estás bem e que estarás melhor;
Alegra-me saber que estás aí,
pronta a receber-me com um imenso afecto de mãe.
Mãe África, afecto forte, mútuo, indestrutível.
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Lisboa, 10 de Maio de 2003
Obrigada por partilhares comigo. Nota: Não consegui por a foto que acompanhava o texo, por isso puz uma minha. Peço desculpa.
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Depois de quase vinte anos de diáspora,
o grande pássaro africano transportou-me suavemente durante dez horas,
à terra que me viu nascer.
O primeiro dia, as primeiras horas,
revolveram-me a alma e as entranhas.
Adoeci por não te reconhecer.
Vi-te cidade decrépita, envelhecida - precocemente.
Estranhamente estranha,
Como que se nunca ali tivesse estado, como se nunca nos tivéssemos pertencido.
Quase desconhecidos.
Depois tu, cidade e os teus, foste-me envolvendo e abraçando,
como que recebendo um filho,
há muito tempo não visto - perdido talvez.
Minuto a minuto,
o teu rosto ganhou silhuetas conhecidas.
Voltaste a ser tu,
Voltei a ser eu.
O tempo foi muito curto, mas bastou.
Voltámos a pertencer-nos.
Triste voltei à diáspora,
na certeza de viver num lugar a que não pertenço.
Neste lugar de exílio, alegra-me saber que estás bem e que estarás melhor;
Alegra-me saber que estás aí,
pronta a receber-me com um imenso afecto de mãe.
Mãe África, afecto forte, mútuo, indestrutível.
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Lisboa, 10 de Maio de 2003
2 comentários:
Sublime!!
Gostei de o ler! Parabens a ambos.
Uma beijoca bem grande
Desde já quero agradecer os comentários deixados no meu blog. Sabe sempre bem saber que aquilo que escrevemos agradou a alguém e ler os teus comentários foi exactamente isso...um consolo.
Devo retribuir os elogios porque gostei muito desse texto que li e mesmo não sendo só teu há que te dar o mérito por o teres partilhado.
Nunca estive ausente por muito tempo da terra onde nasci, mas sei que quando nos ausentamos e regressamos há um sentimento de acolhimento, de sossego...por isso é uma questão de multiplicar esse sentimento por dezenas ou centenas (como se isso fosse possível)e tentar imaginar qual será a sensação... ainda por cima quando se fala de uma terra que é África, que infelizmente não conheço, mas sei que marca muita gente.
Gostaria de visitar o teu outro blog, mas é só para convidados :P
Um abraço e mais uma vez parabéns pelo teu blog.
O meu blog tem sempre as portas abertas para receber as tuas visitas e de todos aqueles que forem parar ao meu cantinho.
Ruben
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