domingo, 8 de março de 2009

O mito

Mitos são mitos.
Baco, Dionísio, Sileno, Zeus, que interessa.
São Deuses.
Deuses conduzem-nos a mitos.
São eles que, em leitura clássica, nos levam muitas vezes aos sonhos, às comparações, aos desejos, às alegorias.
Mitos, porque através deles, ousamos descortinar e justificar as teias que a vida tece.
Dão jeito. Oh se dão!
Quantas vezes, não os evocamos e apresentamos como temática para justificar uma tomada de atitude?
E está errado?
Não!
Eles, os mitos, fazem parte da nossa vida, dos nossos antepassados, das nossas crenças, daquilo que nos alimenta a alma e porque não, às vezes a razão.
Os mitos são perfeitos?
Não. Não perfeitos, como não perfeito é o ser humano. Explicam o universo e as relações?
Se nós quisermos!!!
Projectam-nos?
Poderemos dizer que sim, que nos projectamos através deles, numa erudição ingénua e rudimentar, melancólica, grosseira, (porque não?), poética, florida…
Pessoa dizia “O mito é o nada que é tudo”
Concordo. É tudo e é nada!
Não depositou Baco em Midas a capacidade de transformar em ouro, tudo o que tocasse?
O grande enigma residia no facto do “tudo”
E o tudo é simultaneamente o nada.
Esta alegoria é o exemplo acabado do quão pode ser redutora uma expressão.
E Midas ficou sem nada!
Alegria e entusiasmo, transformaram-se em flagelo e desacerto.
A “vida” deixou de ter recheio, porquanto tudo o que tocava, não tinha utilidade…
“Tudo o que toco, qual Midas, transformo em nada.”
Não sou tão redutora, até porque o tudo é simultaneamente o nada!
O Mundo não é a preto e branco! Acredita que há nuances.
A mim apetece-me seguir Pã.

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Folha Caída
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"No horizonte do infinito. Deixámos a terra firme, embarcámos! Não podemos voltar para trás, mais ainda, cortámos todas as ligações com a terra firme! Agora, barquito, toma cuidado! Tens na tua frente o oceano! É verdade que ele nem sempre ruge, por vezes espraia-se calmo, como se fosse seda e oiro, como um sonho de bondade! Momentos virão, porém, em que reconhecerás que ele é infinito e que nada há de mais terrível do que a infinitude. Ai da pobre ave que se sentiu livre, e se debate agora contra as paredes desta gaiola! Aí de ti, se as saudades da terra firme te assaltarem, como se lá tivesse havido mais liberdade... agora que já deixou de haver "terra"."
Nietzsche. “A Gaia Ciência”

2 comentários:

Storge/Philia disse...

e segues pensamentos daquele que não soube o que era ser livre, pois possuia uma mente totalmente presa a questões de futilidade, essa, infinita. Mas sim... O "Frederico" é grande, mas será mentira mesmo que tenha potenciado tanto o outro?! :(

Bacci mamy

Jotas disse...

Como são importantes os mitos, aqueles de que ouvimos falar, que lemos e conhecemos, mas mais importante, por vezes os mitos que nós próprios criamos, dando largas à nossa imaginação, que servem para nos proteger, para nos inspirarmos e outras vezes para nos justificarmos.
Como dizes, os mitos não são perfeitos, tal como nós humanos.