terça-feira, 21 de abril de 2009


A similitude dos gostos
As pessoas encontram-se.
As pessoas procuram-se
As pessoas olham-se
As pessoas riem
As pessoas trocam ideias
As pessoas tocam-se
As pessoas gostam-se
As pessoas não se gostam
As pessoas amam-se
As pessoas brincam
As pessoas lêem-se
As pessoas pensam-se
As pessoas…
A existência do ser humano e o seu quotidiano, inserido em sociedade, é comandada por sensações e padrões de aproximação que nos fazem “estar mais perto” ou “estar mais longe” uns dos outros.
As manifestações de prazer ou desprazer que todos os dias trocamos, num variado leque de situações e com um variado conjunto de seres idênticos a nós próprios, são, a meu ver, um factor determinante de aproximação ou de afastamento entre as pessoas.
Vejamos esta temática como um fenómeno de massas, que o é.
Quem não pertence ou pertenceu a um clube, a uma associação, a um partido politico, a um clube de fãs, a uma religião…?
Porque se formam essas associações de pessoas?
Evidentemente porque têm algo em comum. Ou perfilham os mesmos ideais ou os mesmos gostos ou até porque, inseridos no grupo, têm comportamentos que, isoladamente eram incapazes de manifestar.
Mas sem dúvida, são os gostos similares ou idênticos que aproximam as pessoas!
As pessoas procuram-se… logo
As pessoas encontram-se.
As pessoas trocam ideias … logo
As pessoas tocam-se
As pessoas gostam-se …logo
As pessoas amam-se.

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Folha Caída
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Fernando Pessoa escreveu a declaração de amor mais bonita e profunda que conheço:
Quanto te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
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O mistério das coisas
O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio e que sabe a árvore
E eu, que não sou mais do que eles,
que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso
no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco
numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: -
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas.
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Alberto Caeiro

3 comentários:

Storge/Philia disse...

Apenas sei que elas se falam, apenas sei que têm de falar. As pessoas encontram-se trocam experiencias, apreendem erros, e soluções, complicam u descomplicam simplesmente por complicar...
Definem sentimentos, opinão sobre os mais dificeis de definir, argumentam a impossibilidade dessa mesma definição pelo simples facto de, ou não conseguirem argumentar, ou simplesmente por ser "trabalhoso". Pois para mim, que sou um "douto ignorante" tudo tem definição, explicação, porquê, menos o ser humano!
Por exemplo... Amo-te mais porquê?!
Porque eu sou "tu" e tu não és "eu", porque eu sou um reflexo do que és e gosto, tu não pensas nisso. Porque eu amo-te incondicionalmente e amarte-ia se nada me fosses. Porque adoro a chuva, porque, lá está, sem pensar me transmitiste isso. E não, não se ama dando, mas sim recebendo estas coisas. Amo-te mais porque sei os meus limites e desconheço o limite do meu amor. Amo-te mais porque não daria a vida por ti daria a de todos. Amo-te mais por saber o quanto isso seria egoista e ter a consciencia de que a minha argumentação daria razão a essa chacina infundada. Amo-te mais porque se eu escolhesse a minha mãe escolheria a que tenho. Epah... Amo-te muito!

Jotas disse...

Pena também que por vezes esta sociedade em que nos procuramos, por vezes nos sufoque tanto, que não estamos abertos aos outros e não conseguimos ser nós.
Bom fim de semana.

Jotas disse...

De facto o amor será isso e muito mais, pois Amor é complicado de colocar em palavras, sente-se além e tudo o mais.